Há mais de 10 anos ensinando ultrassom point-of-care pediátrico.

POCUS é uma sigla para o termo em inglês Point-of-Care Ultrasound, que significa ao pé da letra, ultrassom à beira do leito. Este termo se refere a uma nova maneira de aplicar a tecnologia do ultrassom, que já é considerada antiga na medicina.

Neste novo formato, o ultrassom é realizado no local onde o paciente está recebendo cuidados, pelo próprio profissional responsável pelo atendimento, como parte integrante da avaliação clínica.

Considerado atualmente como quinto pilar do exame físico (junto com palpação, inspeção, ausculta e percussão), as imagens do POCUS interpretadas de forma dinâmica e em tempo real, permitem correlação imediata com a clínica e geram maior precisão diagnóstica comprovada em diversos cenários clínicos.

Avaliações Focadas e Simplificadas: é utilizado para avaliações dirigidas, baseadas em questionamentos clínicos específicos, geralmente com respostas binárias e qualitativas, em vez de descritivas e quantitativas.

Protocolos Específicos: a aplicação dentro de protocolos específicos facilita o fluxo de atendimento em diversos setores, especialmente em situações de urgência e emergência.

Avaliações seriadas: permite avaliações repetidas facilmente, motivadas por mudanças no quadro clínico ou checagem de resposta após intervenções terapêuticas, sem expor o paciente a irradiação.

Segurança nos procedimentos: aumenta a segurança ao guiar procedimentos, permitindo mapeamento das estruturas anatômicas e a visualização dinâmica da agulha.

O ultrassom point-of-care (POCUS) deve ser considerado uma extensão do exame físico que aumenta sua acurácia ou como ferramenta para guiar procedimentos. PODE portanto ser realizado por qualquer profissional da saúde que exerça essas funções na sua prática , desde que tenham o treinamento adequado para a técnica e as indicações específicas de seu campo.

Um excelente exemplo é o uso do POCUS pelos profissionais da enfermagem para checagem de volume urinário pré cataterização vesical. Esta simples avaliação da bexiga, evita que o procedimento seja feito desnecessariamente em crianças com volume urinário insuficiente.

A avaliação das patologias pulmonares é sem dúvida o maior ganho que a utilização do POCUS trouxe para a prática clínica pediátrica, dada a alta frequência de doenças respiratórias nas crianças.

Ser capaz de confirmar ou descartar pneumonia com precisão, investigar suas complicações como derrame pleural rapidamente à beira do leito e identificar comprometimento intersticial que é tão pouco detectável através da radiografia são habilidades hoje indispensáveis na prática clínica.

O aprendizado do POCUS pode ser dividido em quatro pilares principais: indicação, aquisição da imagem, interpretação e integração com a prática clínica. O aluno iniciante deve ser exposto a diferentes tipos de estratégias educacionais para se aprimorar em cada um desses aspectos. De uma forma geral os workshops de curta duração são uma excelente porta de entrada para esse aprendizado, abordando os quatro pilares de uma forma sucinta e dando uma estrutura de aprendizado ao aluno, que depois pode ser complementada com outras atividades de aprofundamento.

Indicação do POCUS: Se familiarizar com os guidelines específicos de uso do POCUS do seu campo de atuação, pesquisar literatura específica das doenças e sua interface com o POCUS, conhecer os protocolos de uso do POCUS da sua área

Aquisição da Imagem: Atividades de prática supervisionada por instrutores capacitados, workshops de curta duração ou programas de imersão prática.

Link workshop: https://hcxfmusp.org.br/portal/online/curso/emergencias-pediatrica-point-of-care/

Link Imersão: https://hcxfmusp.org.br/portal/online/curso/imersao-pratica-ultrassom-pocus-pediatrico

Interpretação da Imagem: aulas e e-learnings on line (veja sessão de recursos on-line gratuitos sugeridos pelo time PEDPOCUS), organizar sessões rotineiras de revisão de imagens com instrutores capacitados, sessões de monitoria on-line.

Integração: Sessões de casos clínicos, simulação realística ou imersão prática em serviços onde o POCUS está incorporado ao atendimento.

A principal diferença entre o ultrassom tradicional e o ultrassom point-of-care (POCUS) está na forma de aplicação, no objetivo do exame e no contexto em que cada um é realizado:

O ultrassom tradicional é feito no departamento de imagem, por um médico radiologista ou ecocardiografista treinado, com o objetivo de fazer um exame detalhado e abrangente.

O POCUS é um exame rápido e focado, realizado pelo médico que está atendendo o paciente, à beira do leito. Ele é usado para responder a perguntas clínicas específicas e urgentes (como “Há líquido livre na cavidade abdominal?”, “Há pneumotórax?”) , usualmente de resposta binária e que apoiam a tomada de decisão clínica e imediata

O POCUS não substitui exames de imagem convencionais.

Nesse formato, o ultrassom é utilizado como uma extensão do exame físico, aumentando a capacidade imediata à beira leito de detecção de patologias importantes como pneumotórax, disfunção miocárdica e tamponamento cardíaco, entre outros.

Sua função é fornecer respostas rápidas e específicas em situações que exigem decisões imediatas, nas quais não existe possibilidade de realização de exames convencionais de imagem. Após estabilização do paciente, mais exames podem se fazer necessários para elucidação diagnóstica completa e detalhada.

O POCUS na pediatria tem algumas vantagens importantes.

Ele aumenta a precisão diagnóstica para as patologias pulmonares, tão frequentes nessa faixa etária.

Além disso, permite avaliação detalhada livre de irradiação, podendo ser feitos de forma seriada, acompanhando a evolução clínica dos pacientes e mudanças de acordo com a terapêutica instituída.

Por fim, ele pode auxiliar procedimentos, melhorando a taxa de sucesso em punções venosas, diminuindo dor e stress emocional e evitando cateterizações vesicias desnecessárias.

Os equipamentos de ultrassom usados para POCUS são geralmente portáteis, compactos e projetados para uso à beira do leito. Eles incluem desde dispositivos portáteis pequenos, que podem ser segurados com uma mão, até máquinas de ultrassom maiores e mais versáteis, mas que ainda são móveis o suficiente para serem transportadas facilmente dentro do hospital. Esses aparelhos têm configurações mais simplificadas, ligam em aproximadamente 30 segundos, já que o POCUS visa responder a perguntas específicas rapidamente.

Os transdutores usados são os mesmos utilizados pelos radiologistas na ultrassonografia tradicional e variam de acordo com necessidade clínica.

Por fim, muitos aparelhos de POCUS modernos possuem tecnologia sem fio, conectando-se a tablets ou smartphones para uma visualização mais prática e permitindo armazenamento e compartilhamento de imagens em tempo real.

O custo de um aparelho de ultrassom point-of-care (POCUS) varia bastante, dependendo das características, da portabilidade e das funcionalidades do dispositivo. Modelos portáteis e mais compactos, que conectam-se a tablets ou smartphones, podem custar entre US$ 2.000 e US$ 10.000. Esses modelos, embora acessíveis, oferecem boa qualidade de imagem e são ideais para exames mais simples e focados.

Já aparelhos de POCUS mais robustos, com múltiplas opções de transdutores, maior qualidade de imagem e mais recursos avançados (como Doppler ou modo cardíaco especializado), podem custar de US$ 15.000 a US$ 50.000 ou mais. Esses dispositivos são usados em clínicas e hospitais que exigem uma versatilidade maior para diferentes tipos de exames e um nível mais elevado de detalhamento.